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Bairros com maior número de mortes por coronavírus em SP concentram favelas e conjuntos habitacionais


Mortes por coronavírus na cidade de São Paulo se concentram nos distritos com maior proporção de favelas e conjuntos habitacionais — Foto: Reprodução/Prefeitura de São Paulo



Mapas da Prefeitura de São Paulo mostram que 20 distritos com mais mortes suspeitas e confirmadas por Covid-19 têm muitas favelas, cortiços e conjuntos ou núcleos habitacionais. Risco de morrer pela doença é até 10 vezes maior em bairros com pior condição social.


Os distritos da cidade de São Paulo com maior quantidade de mortes por coronavírus ou suspeitas concentram grande quantidade de favelas, cortiços e conjuntos ou núcleos habitacionais, segundo dados divulgados pela prefeitura da capital nesta segunda-feira (4).

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, o prefeito Bruno Covas (PSDB) comentou que a letalidade da Covid-19 tem sido maior nos locais onde há mais favelas.
"Semanalmente o número de mortos, tanto confirmados quanto suspeitos, vocês veem que começa na zona central da cidade, mas vai aumentando muito na periferia, Brasilândia, Grajaú, Sapopemba, Cidade Tiradentes, mostrando o quanto isso está se disseminando na periferia. A gente conseguiu mostrar também o quanto isso se concentra nas áreas em que temos favelas na cidade de São Paulo. Toda a atenção do poder público é justamente para a população em maior situação de vulnerabilidade”, disse Bruno Covas.
Dados anteriores da prefeitura da capital já mostravam que a doença é mais letal em bairros periféricos, que mata até 10 vezes mais em áreas de pior inclusão social e que pretos têm 62% mais chance de morrer por Covid-19 em São Paulo do que brancos.
Os 20 distritos da cidade que tiveram entre 50 e 150 mortes por Covid-19, entre confirmadas ou suspeitas, têm grande concentração de habitações precárias, como favelas e conjuntos habitacionais. Essas moradias são representadas pelas manchas pretas no mapa.
Os casos confirmados por exame laboratorial, no entanto, não têm prevalência nessas áreas, o que pode mostrar maior dificuldade em obter confirmação dos casos suspeitos nessas regiões. Atualmente, a Secretaria Estadual de Saúde orienta os serviços públicos a fazerem testes de coronavírus apenas em pacientes internados ou profissionais de saúde, mas no sistema privado os exames que confirmam a doença estão disponíveis por valores entre R$ 250 e R$ 450.
A quantidade de mortes suspeitas em relação ao total também é maior nos bairros com mais favelas, o que também pode retratar demora no resultado de exames laboratoriais. No mapa abaixo, a cor mais clara em cada um dos círculos sobre cada distrito representa os casos ainda suspeitos. Já a cor mais escura mostra os casos já confirmados. Nos bairros periféricos, a proporção de confirmações em relação ao total é menor.

Mortes confirmadas e suspeitas por Covid-19 em São Paulo por distrito da cidade — Foto: Reprodução/Prefeitura de São Paulo

Mortalidade 10 vezes maior

A mortalidade do novo coronavírus na cidade de São Paulo é até 10 vezes maior em bairros com piores condições sociais, segundo dados divulgados pela prefeitura nesta terça-feira (28).
Para a análise, a prefeitura distribuiu os distritos da cidade em três grupos: áreas de inclusão social, áreas de exclusão nível 1 e áreas de exclusão nível 2. Os critérios utilizados levam em conta indicadores de autonomia, qualidade de vida, desenvolvimento humano e equidade.

Nas áreas com piores indicadores sociais, o risco de morrer por Covid-19 é maior para todas as faixas etárias acima de 30 anos. A maior diferença foi verificada na faixa etária de 40 a 44 anos: neste grupo, o risco de morrer por conta do coronavírus foi 10 vezes maior entre os moradores da área de exclusão do que aquele dos residentes na área de inclusão social.
A maior proporção de mortes em pessoas com mais de 60 anos, em relação ao total da população do distrito nesta faixa etária, foi verificada nos distritos periféricos de Campo Limpo, Parelheiros, Itaim Paulista e São Miguel Paulista, enquanto os distritos com menor proporção são Pinheiros, Vila Mariana e Santo Amaro, todos localizados em regiões nobres da cidade.

Nas regiões com melhores condições sociais, 90% das mortes ocorrem nas faixas etárias acima de 60 anos. Já na região de exclusão 1, a idade média das vítimas é menor: 90% das mortes ocorrem em pessoas com mais de 50 anos. Nas áreas com condições sociais ainda piores, classificadas como exclusão social 2, a proporção de 90% das mortes inclui todos óbitos de pessoas com mais de 40 anos.
A Brasilândia, na Zona Norte, é o bairro de São Paulo com o maior número de mortes confirmadas ou suspeitas por coronavírus e o Morumbi, na Zona Sul, é o local que concentra o maior número de casos confirmados da doença. O avanço das mortes na periferia, que têm menos casos confirmados, mostra que a mortalidade é maior nessas regiões.

Índice de inclusão ou exclusão social

A análise da prefeitura leva em consideração uma classificação de inclusão ou exclusão social criada pelo Núcleo de Seguridade Social da PUC-SP em 1991. Os critérios sintetizam índices relativos a um grande número de bases de dados, incluindo autonomia, qualidade de vida, desenvolvimento humano e equidade nos diferentes territórios de distritos da cidade.
A métrica construída categoriza valores entre -1 e +1. Quanto mais próximo de 1, maior é o nível de inclusão social do distrito. Locais com condições sociais piores têm índices negativos.


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